Problema faz parte da rotina de praticamente metade da população adulta mundial e de uma a cada 10 crianças; Especialista em medicina do sono explica como o ato pode ser sinal de apneia, doença que se não tratada, traz graves consequências
Por definição, o ronco é o som emitido pela passagem de ar por vias aéreas mais estreitas ou obstruídas durante o sono, geralmente a faringe. Esse som, que faz parte da rotina de praticamente metade da população adulta mundial e de uma a cada 10 crianças, segundo estudos, pode se dar por inúmeros motivos: desde alterações anatômicas, como amígdalas grandes e céu da boca estreito, a fatores como obesidade, tabagismo, gravidez e histórico de doenças alérgicas, além de infecções respiratórias leves, entretanto, pode também indicar algo bem mais grave.
A coordenadora do serviço de neurologia do Hospital Semper e especialista em medicina do sono, Janaína Pacheco, revela que o ronco pode ser indício da apneia obstrutiva do sono, doença caracterizada por interrupções recorrentes da passagem de ar até os pulmões durante o tempo em que dormimos. “A situação gera queda do oxigênio no sangue, despertares frequentes durante à noite e sonolência excessiva durante o dia. A pessoa que sofre com o problema tem a falsa impressão que dormiu à noite toda, mas, na verdade, não aprofunda no sono”, explica.
Ainda segundo a especialista é importante entender quando o ronco deve ser investigado mais à fundo, principalmente se o ruído é frequente e muito alto (sendo possível ouvir de outro cômodo). Há casos, até mesmo, em que o problema é acompanhado de parada respiratória (percebida pelo parceiro) ou a pessoa se sente frequentemente cansada ou sonolenta durante o dia. “Vale lembrar que a apneia do sono aumenta a chance de hipertensão arterial, arritmia, infarto agudo do miocárdio, AVC, obesidade e doenças neurológicas, como Alzheimer, e enfermidades psiquiátricas como depressão e transtornos de ansiedade”, pontua a neurologista.
Ronco muito alto e com frequência, que tipo de ajuda devo buscar?
Janaína Pacheco enfatiza que somente um profissional de saúde especializado deve diagnosticar e tratar a causa do ronco. Recomenda-se buscar atendimento de um médico especialista em medicina do sono. “O tratamento e o diagnóstico podem envolver também outros profissionais de saúde, como fonoaudiólogo, fisioterapeuta e cirurgião dentista”, acrescenta explicando que na consulta inicial serão avaliados não só os horários do sono do paciente como também o histórico de doenças pré-existentes como obesidade. “Dependendo das observações pontuadas pelo médico, será feita a polissonografia, exame considerado o padrão ouro para detecção do ronco excessivo”. Neste método o paciente dorme com eletrodos fixados no corpo que permitem o registro simultâneo de vários parâmetros como atividade cerebral, movimento dos olhos, atividades dos músculos e o padrão de respiração. “A polissonografia é indicada quando a pessoa apresenta muito sono durante o dia, quando há relato de apneia ou roncos excessivos e síndrome das pernas inquietas, por exemplo”
Tratamento ou redução do ronco
O tratamento ou a redução do ronco depende da causa e pode envolver diversos departamentos clínicos e profissionais de saúde. “Aos que roncam pouco, baixo e em ocasiões pontuais, como no caso de obstrução nasal decorrente de uma gripe, por exemplo, a simples mudança da posição ao dormir pode ser suficiente para amenizar ou resolver o problema. Isso inclui tanto dormir de lado quanto inclinar a parte superior do corpo com ajuda de um travesseiro de elevação. A medida pode contribuir para manter as vias aéreas superiores abertas”, destaca Janaína.
Ainda de acordo com a neurologista, mudanças no estilo de vida são igualmente recomendadas, como perder peso em caso de pacientes obesos, parar de fumar e tratamentos para alergias e doenças respiratórias (se for essa a causa associada ao ronco), praticar atividades físicas na rotina, manter a pressão arterial sob controle e realizar exercícios que fortalecem a estrutura da garganta.
O tratamento pode contar também com dilatadores nasais, esteroides intranasais e adenotonsilectomia. “Mas, novamente, tudo isso só poderá ser definido após diagnóstico feito por um profissional de saúde”, reforça Pacheco.
Já em casos moderados e graves, o uso de máquina de pressão positiva contínua das vias aéreas (CPAP) pode ser recomendado, pois ajuda a manter as vias aéreas abertas por meio de uma corrente de ar. “O uso passa por uma máscara conectada a um tubo, como as usadas para fazer inalação, da qual sai uma corrente de ar que vai para a garganta e mantém a via aberta durante a noite. Quem indica a máquina e a pressão do ar é o especialista que está acompanhando o paciente”.
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