No Brasil, doença é terceira mais incidente na população. São, aproximadamente, 40 mil novos casos diagnosticados por ano, entre homens e mulheres

Quase 30% de todos os cânceres colorretais (cânceres de intestino) podem ser evitados com alimentação saudável, prática de atividades físicas e abandono de bebidas alcoólicas. Essas ações preventivas são importantes para a redução de casos e mortes, manutenção da produtividade laboral e redução dos gastos públicos com o tratamento da doença. O alerta foi dado recentemente durante a webinar ‘Cenário do câncer de intestino no Brasil’, realizada pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), que traçou um panorama sobre os desafios no enfrentamento à enfermidade.

Ainda segundo estimativas do INCA, em 2030, as despesas do Sistema Único de Saúde (SUS) com pacientes diagnosticados com câncer de intestino que desenvolveram a doença devido à exposição a fatores de risco evitáveis, vai ser 88% maior do que o valor gasto em 2018, por exemplo. Há quatro anos, o SUS desembolsou aproximadamente R$ 545 milhões com procedimentos hospitalares e ambulatoriais para atender pessoas com câncer colorretal, com 30 anos ou mais. Para 2030, esse gasto poderá chegar a R$ 1 bilhão.

​No Brasil, a doença é a terceira mais incidente na população. São, aproximadamente, 40 mil novos casos diagnosticados por ano, entre homens e mulheres. A enfermidade é caracterizada por tumores encontrados na região do cólon (intestino) e reto.

​Dentre os maiores fatores de risco para se contrair esse tipo de câncer estão: obesidade, tabagismo, alimentação desbalanceada (excesso de embutidos e processados). Além disso, consumo exacerbado de carnes vermelhas, sedentarismo e histórico familiar também aumentam as chances da neoplasia, de acordo com a oncologista clínica Daiana Ferraz, que faz parte do corpo médico da Cetus Oncologia, clínica especializada em tratamentos oncológicos com sede em Betim e unidades em Belo Horizonte e Contagem. “Todos esses fatores podem contribuir, mas uma alimentação rica em carne vermelha, produtos industrializados, artificiais e com muitos conservantes podem agravar os riscos, já que as toxinas presentes nesses alimentos ajudam na predisposição da doença”, explica.

​Ainda segundo a médica, a doença começa assintomática, de maneira silenciosa. Em estágios mais avançados, esse câncer pode causar alteração no hábito intestinal, diarreias, sangramentos nas fezes e fezes mais escurecidas. “Além disso, dores abdominais podem ocorrer junto à perda de peso repentina. Em casos mais graves, inclusive, quando há obstrução intestinal, é necessário ir ao hospital o mais rápido possível”, completa.

Diagnóstico

​O exame mais importante para a identificação dos tumores no intestino é a colonoscopia. Caso ela detecte algum pólipo (lesão que pode aparecer em qualquer local do tubo digestivo), este é retirado imediatamente. Se a extração não acontecer, o pólipo pode se desenvolver e se transformar em tumor. “Durante a colonoscopia, o intestino é visualizado por uma câmera presa ao endoscópio, introduzido por vias retais. O procedimento é indicado para quem tem 45 anos ou mais, mas caso a pessoa já possua histórico familiar da doença, o rastreamento deve ser realizado com antecedência”, explica Daiana Ferraz.

​Além da colonoscopia, outro método preventivo complementar para rastrear o câncer colorretal é a busca por sangue oculto nas fezes, que analisa a presença de sangue nas fezes que não pode ser visto a olho nu. Um resultado positivo para esse procedimento indica que o paciente está sofrendo algum sangramento no intestino, que pode ser consequência de uma inflamação, trauma ou tumor. “Este é um exame barato, de fácil realização e muito utilizado. Porém, um resultado positivo não é suficiente para confirmar o diagnóstico. Nestes casos deve ser realizada a colonoscopia para ratificar”, ressalta a oncologista.

​Após o diagnóstico deve-se iniciar o tratamento, que envolve cirurgia ou, dependendo do estadiamento clínico, avalia-se a necessidade de quimioterapia. O início das terapias no momento correto pode trazer ao paciente uma taxa de cura acima de 80%. “Claro que não há como generalizar, mas se a detecção da doença é feita em estágio inicial, o tratamento possui maiores chances de êxito”, conclui Daiana.

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