Um dos túneis previstos no empreendimento irá cortar a importante cadeia montanhosa, o que pode impactar mananciais relevantes no abastecimento de água para Grande BH
Projeto do Governo de Minas que pretende aliviar o trânsito no polêmico Anel Rodoviário, as obras de construção do Rodoanel Metropolitano, previstas para começarem em março de 2023, podem não só trazer impactos severos para os recursos naturais dos municípios vizinhos à capital mineira, entre eles a Serra da Moeda, como também comprometer o abastecimento de água para toda a Grande BH.
Segundo o ambientalista Cleverson Vidigal, membro da ONG Abrace a Serra da Moeda, um dos túneis do megaempreendimento irá passar justamente debaixo da importante cadeia montanhosa, considerada a caixa d’água de toda a região metropolitana de Belo Horizonte. “A construção de um túnel que corta rochas montanhosas, há 200, 300 metros de profundidade, provocará um cone de depressão no aquífero capaz de afetar a circulação da água e consequentemente as nascentes da região, todas localizadas em unidades de proteção especial. É um impacto absurdo”, denuncia, acrescentando que a construção de parte da pista também ocorrerá no Parque Estadual do Rola Moça, local, que assim como a Serra da Moeda têm relevância ambiental, espeleológica e paisagística para o Estado. “O traçado vai causar muito impacto porque corta a Serra dos Três Irmãos, na altura de Ibirité, passa por regiões da Fazenda Jangada, que tem matas primárias, entrando na Serra da Calçada, próximo ao Mirante do Forte de Brumadinho, explica.
Outras preocupações que o projeto traz, conforme aponta Vidigal, é o fato dele não apresentar estudos dos impactos ambientais (EIA-RIMA) e ser planejado sem transparência, com a devida escuta dos representantes da sociedade civil. “Também é importante destacar que cerca de 200 famílias de Betim e Contagem, na Região Metropolitana, serão retiradas de suas casas para a realização das obras, segundo a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais (Seinfra)”, finaliza.
Sobre o Rodoanel
Com 100km de extensão, o Rodoanel Metropolitano, passará por 10 municípios da Grande BH: Betim, Brumadinho, Contagem, Ibirité, Nova Lima, Pedro Leopoldo, Ribeirão das Neves, Sabará, Santa Luzia e Vespasiano. A estimativa é que as obras custem R$ 4,5 bilhões. A Vale irá bancar R$ 3,5 bilhões deste montante, como prevê o acordo bilionário fechado entre a mineradora e o governo de Minas Gerais para reparação dos danos causados pelo rompimento da Barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, em janeiro de 2019. O restante será custeado pelo pedágio cobrado pela empresa que terá a concessão da estrada por 30 anos.
O traçado preliminar, disponível no site do governo, mostra que a alça sul do Rodoanel vai sair da BR-040, na altura da Serra da Calçada, (que faz parte do complexo da Serra da Moeda), passar por Brumadinho e chegar à rodovia Fernão Dias, em Betim. Já a alça norte vai sair da Fernão Dias e ir até a BR-381, na saída para o Espírito Santo, na altura de Sabará e Caeté. As obras estão previstas para começarem em março de 2023 e serem concluídas em até cinco anos.
Após a conclusão do projeto, a expectativa é que 32 mil veículos circulem pelo Rodoanel diariamente, reduzindo em até 30% o fluxo no atual Anel Rodoviário.
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