Só em 2021 setor teve receita de R$ 1,8 bilhão, número 50% maior que 2019, ano que antecedeu a chegada da Covid-19 no país; em Minas Gerais, destinos ao ar livre, voltados à natureza, ganharam força durante crise sanitária
Levantamento da Brazilian Luxury Travel Association (BLTA), associação que representa o turismo de luxo no Brasil, aponta que o setor registrou, em 2021, faturamento de R$ 1,8 bilhão, número 50% maior que 2019, período que antecedeu a pandemia. Uma das explicações para esse crescimento, segundo a entidade, se deve ao fato de que a chegada da Covid-19 obrigou os brasileiros a mudarem o comportamento no que diz respeito às viagens. Com as fronteiras fechadas, destinos nacionais ganharam força, especialmente entre os consumidores de alta renda, menos afetados pelos impactos financeiros da crise sanitária. Em Minas Gerais, por exemplo, os destinos ao ar livre, voltados à natureza, se sobressaíram neste período.
Diretora do Vila Campana Hotel & Bem-Estar, em Juatuba, região metropolitana de Belo Horizonte, a empresária Kenya Diniz afirma que desde que as flexibilizações começaram a ganhar corpo, no segundo semestre de 2021, ela vem registrando uma média de 45% de crescimento no faturamento mensal do hotel em relação ao mesmo período de 2019, época, inclusive, na qual o estabelecimento foi inaugurado. “Nos últimos meses temos recebido uma média de mil hóspedes/mês, praticamente o dobro de ocupação em relação a antes da pandemia. Isso reflete, sem dúvida, em uma mudança de comportamento das pessoas, que passaram a recorrer mais às hospedagens perto de casa, sem necessidade de longas viagens. Minas, por sinal, é um verdadeiro oásis de belezas naturais para o turismo doméstico”, enfatiza.
Com 70 hectares e localizado a apenas 45 minutos da capital mineira, o Vila Campana tem 32 suítes, com pensão completa, o que inclui café da manhã, almoço, chá da tarde e jantar. Todas as acomodações são divididas em quatro categorias: 10 suítes de luxo, 17 luxo especial, 4 super luxo e uma suíte master.
Por lá, as crianças que se hospedam com os pais têm, como atrativo, uma fazendinha, que as coloca em contato com atividades rurais e experiências diferenciadas. Elas aprendem, por exemplo, a tirar leite da vaca e alimentar animais não muito comuns nos ambientes das grandes cidades, como carneiros e cabritos. “É um momento em que todas dão uma pausa na rotina tão conectada dos grandes centros e começam a desacelerar, olhar para as belezas da terra, do campo, sentir um ar mais puro e fresco. Isso sem falar que nosso espaço proporciona um momento de aproximação das famílias”, cita Kenya.
Entre as ofertas de lazer para o público adulto, há o “play bar”, com dardos, TV, bar, jogos de tabuleiro e pôquer, além de espaço fitness, área de meditação, spa, sala de massagem, hidromassagem e sauna.
Outro atrativo da empresa, segundo Kenya, é um restaurante com vista estonteante e gastronomia diferenciada, autêntica e brasileira. “Os hotéis de luxo nacionais, sobretudo os de Minas, conseguem oferecer não apenas boas hospedagens, mas riqueza gastronômica e cultura local, experiências não encontradas em destinos no exterior”.
Retomada das viagens internacionais impõe desafio
Agora, com o avanço da vacinação e o retorno gradativo à normalidade, o que elimina os empecilhos para viagens internacionais, o desafio, de acordo com a empresária, é continuar mantendo bons índices de ocupação. “É óbvio que as pessoas vão querer retomar as viagens para fora, mas, acredito também que a pandemia fez com que os olhos dos turistas, inevitavelmente, se voltassem para dentro do país, para o que é nosso, as nossas belezas e potencialidades, o que fez com que o hotel ficasse naturalmente mais conhecido. E isso é um legado que, definitivamente, fica”.
Kenya acredita que mesmo com a retomada da procura por destinos fora do Brasil e até mesmo do estado, o Vila Campana irá registrar crescimento de até 15% no faturamento deste segundo semestre em relação ao mesmo período do ano passado.
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