Apesar do estigma, casos de crianças com TEA que encontraram no esporte uma forma de desenvolvimento são cada vez mais comuns e mostram que todos têm capacidade de chegar onde desejam

O Transtorno do Espectro Autista atinge de 1 a 2% da população mundial e, no Brasil, aproximadamente 2 milhões de pessoas. Pelos dados do Center of Diseases Control and Prevention, dos Estados Unidos, entre as crianças, a proporção é que uma a cada 44 sofra com esse problema, ainda pouco entendido, mais muito estudado. Por isso que neste domingo (2), Dia Mundial de Conscientização do Autismo, a ideia é chamar atenção não só para as pesquisas mas principalmente para a luta e preconceito de quem tem tal condição.

Este, por exemplo, é o caso do pequeno Daniel Teixeira, 5 anos, que encontrou no esporte uma maneira de se desenvolver e superar desafios. Ele é aluno de judô no CT Amigos do Esporte, centro de treinamento especializado na modalidade e também em ginástica artística, com quatro unidades em Belo Horizonte. Segundo a mãe do garoto, a analista internacional, Anadir Teixeira, 32 anos, a atividade foi uma indicação da terapeuta ocupacional de Daniel, que sempre foi muito ativo. “Ele foi diagnosticado por volta dos 2 anos e meio, quando descobrimos suas dificuldades sensoriais. Desde então, a gente o acompanha com várias terapias, para poder alcançar marcos de desenvolvimento que estavam em atraso”, explica.

No judô desde o início deste ano, Daniel viu na modalidade uma oportunidade de “gastar sua energia”, como afirma Anadir. Após algumas aulas experimentais, o pequeno foi matriculado e já se mostra empolgado. “Ele ainda não consegue fazer todas [as atividades], mas sempre participa do jeito dele, então ficamos sempre muitos satisfeitos. Mostramos algumas aulas para a terapeuta ocupacional e ela adora, é sempre muito complementar”, conta orgulhosa a mãe do garoto.

Anadir acrescenta ainda que as outras crianças, aos poucos, também vão aprendendo a lidar com as diferenças no comportamento de Daniel, e afirma que por ele ser novo no esporte, é normal que o progresso seja um pouco mais lento. “Ele (Daniel) já entende como é a rotina, como são os exercícios, então conseguimos ver uma percepção maior de como vai continuar a evolução. É um aprendizado constante”, conta acrescentando que o atendimento humanizado do CT onde o menino faz as aulas foi o principal diferencial para facilitar sua adaptação. “Ele se sente incluído, é muito bom ver o Daniel participando de tudo, não apenas vendo. A ampliação de espaços como o CT é imprescindível para que cada vez mais crianças sejam incluídas. A gente precisa sempre acreditar na capacidade que nossos filhos têm de fazer as coisas, meu conselho é não desistir, sempre há um caminho”.

Outro exemplo de superação na mesma escola de Daniel Teixeira vem do colega Lucca Santos, 6 anos, praticante de ginástica artística. Diagnosticado com TEA aos 3 anos de idade, ele possui também uma má-formação cerebral, mas nada que o impediu de se desenvolver dentro da ginástica. “Ele tem períodos de crises, é bastante engessado e era muito difícil no início. A ginástica tem ajudado muito em relação ao equilíbrio. Agora ele até consegue abraçar os colegas. Isso sem falar que ganhou disciplina, sabe as regras, o que tem sido extremamente benéfico. Já são cerca de três anos dele no esporte e isso só trouxe coisas boas”, afirma a mãe do menino, a enfermeira Danielly dos Santos França, 39 anos.

Danielly acrescenta ainda a relevância dos profissionais do CT no auxílio ao garoto e para os próprios pais. “Sempre me falaram que ele era capaz e que conseguia fazer tudo que os outros colegas fizessem. A primeira participação dele em um festival foi maravilhosa, ele foi encorajado a todo tempo”.

A interação do menino com as outras crianças também foi algo que, segundo França, melhorou com a ginástica. “As crianças que fazem ginástica com ele já entendem como o Lucca é, e isso tem ajudado bastante. Ele chegou a fazer judô, mas acabou não gostando, mas na ginástica, se encontrou”, comenta a mãe, que por fim ainda destaca. “Eu tive que entender que a única comparação que posso fazer do Lucca é com ele mesmo. Ele é capaz de tudo, mas faz do jeito e no tempo dele”, afinal todos nós somos únicos e nossas individualidades precisam ser respeitadas”, finaliza Danielly.

Neurologista explica sobre o TEA

Neurologista do Hospital Semper, a médica Jéssica Rodrigues, explica que o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista é baseado em características do indivíduo. “A maioria recebe a confirmação da condição ainda criança. São pessoas que terão dificuldade na comunicação, socialização e comportamento. Quando a intervenção não é precoce, pode ocorrer o não desenvolvimento da fala. A comunicação não-verbal também é afetada, o que pode impedir a pessoa de expressar sentimentos e realizar gestos”, informa.

Ainda de acordo com a especialista, uma das maiores características do indivíduo com TEA são as estereotipias, movimentos e comportamentos característicos. “Alguns batem as mãos como se fossem asas de borboletas, outros movimentam os braços na altura dos olhos. Existem também aqueles que agrupam e separam objetos por determinadas características”, completa a neurologista, que frisa ainda a sensibilidade ao som e ao toque como outras singularidades típicas de quem convive com o transtorno.

O tratamento para o TEA, segundo Rodrigues, é baseado principalmente nas terapias, que incluem equipe multidisciplinar no acompanhamento do indivíduo. “Elas [terapias] consistem no trabalho da fonoaudiologia, da terapia ocupacional e psicologia, todas em conformidade com o ABA (Análise Comportamental Aplicada), que traz situações do dia a dia para as terapias”, explica acrescentando que algumas situações podem gerar indivíduos autistas com mais facilidade, sendo consideradas possíveis “causas” para o transtorno. Dentre elas é possível citar pais que têm filhos com idade avançada e uso de substâncias na gravidez, como anticonvulsivantes. Além disso, a médica acrescenta que apesar de não ser necessariamente hereditário, o autismo por muitas vezes não aparece uma vez só nas famílias. “Existem vários casos de irmãos diagnosticados, é bem comum. Algum pode ter um diagnóstico fechado e outros podem ter ‘personalidade autística’, quando o diagnóstico não fecha, mas há características do transtorno do espectro autista”.  

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