Segundo psicóloga, embora a busca por informações seja um comportamento natural dos humanos, principalmente em tempos de crise, é preciso equilíbrio

As notícias trágicas sempre tiveram bastante destaque nos noticiários, porém com a disseminação das redes sociais elas parecem ter se potencializado. Uma rápida espiada no Instagram, Facebook e Twitter já é suficiente para sermos alimentados pelas mais terríveis barbaridades, que vão desde feminicídios, cenas horripilantes de guerra, intolerância religiosa, racismo, acidentes de trânsito a assaltos a mão armada. Pancadarias, inclusive aquelas na arena política, são campeãs na preferência das pessoas. O fenômeno ganhou tamanho impulso que agora há um termo em inglês para designar o vício em consumir tragédias: doomscrolling. Trata-se, em resumo, da ‘tendência de continuar navegando ou percorrendo notícias ruins, mesmo que elas sejam tristes, desanimadoras ou deprimentes’, de acordo com o verbete do dicionário Merriam-Webster.

Cientistas da Universidade Texas Tech, nos Estados Unidos, inclusive, constataram que 16,5% dos americanos são plenamente viciados em notícias perturbadoras. Outros 27% manifestaram dependência moderada. Os dados da universidade mostram ainda que 74% daqueles com vício grave apresentam problemas de saúde mental, como ansiedade, estresse e dificuldade em se desconectar do noticiário ao passo que 61% desenvolvem danos físicos, como fadiga, dores pelo corpo e desconforto gastrintestinal.
Embora a busca por informações seja um comportamento natural dos humanos, principalmente em tempos de crise, é preciso equilíbrio, segundo a psicóloga Adriane Pedrosa. “Vivemos em um mundo ultra conectado. Isso é fato. Não há como voltarmos ao passado sem internet, mesmo porque ela é benéfica: reduziu distâncias e facilitou nossas rotinas do dia a dia. Porém, ao mesmo tempo, o mundo digital parece ter nos colocado em contato mais próximo com os flagelos sociais. Logo, ficar bem informado é e continua sendo importante, mas sem fissura”, pontua a especialista que pertence à equipe interdisciplinar da Cetus Oncologia, clínica especializada em tratamentos oncológicos com unidades em Belo Horizonte, Betim e Contagem.

Ainda de acordo com Adriane, fugir do consumo de notícias trágicas não é uma maneira eficaz de evitar a prática do doomscrolling. Na verdade, manter-se alienado, em uma bolha, conforme ressalta a psicóloga, é igualmente danoso, porque impede as pessoas de descobrirem o que é perigoso de fato. “Acredito que não existem regras que mensurem o consumo equilibrado de notícias ruins. Cada um pode estabelecer as suas, como por exemplo dedicar um único período do dia a esse tipo de conteúdo e, ao fazer isso, priorizar as informações oficiais ao invés das meramente espetaculares, com tons carregados de tragédia”, destaca acrescentando que nesse processo vale sempre selecionar um número de fontes confiáveis e não mergulhar em versões diferentes e demasiadamente sensacionalistas de um mesmo fato. “Nem sempre é fácil seguir a estratégia, até porque as redes sociais se tornaram onipresentes. Ter um smartphone em mãos, é inevitavelmente a porta de entrada para que tenhamos acesso a calamidades de todo tipo. Mas quando houver excesso e se esse excesso gerar quadros de ansiedade, depressão, angústia e até problemas físicos, é importante mudar o foco da atenção, colocar mais prazer na vida, procurar canais mais leves e que tragam conteúdos de maior bem-estar”, pontua.

Diante de um cenário de compulsão, por sua vez, Pedrosa recomenda a busca por ajuda médica. “Assim como qualquer outro vício, a ajuda profissional se torna necessária nos piores casos”, finaliza a psicóloga.

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