Levantamento feito pela Vigitel e reconhecido pelo Ministério da Saúde aponta que 23,3% do público feminino entrevistado na capital mineira em 2021 relatou ter a doença
Em 2021, Belo Horizonte foi a capital do país com maior frequência de diagnósticos de depressão em mulheres. É o que revela um estudo realizado pela Vigitel e reconhecido pelo Ministério da Saúde: o índice da doença entre elas na capital mineira foi de 23,3%. O ranking segue com Campo Grande (21,3%) e Curitiba (20,9%). As metrópoles com os menores números foram Belém (8%), São Luís (9,6%) e Macapá (10,9%).
O levantamento aponta ainda que Belo Horizonte também é a segunda capital do país com mais casos de depressão entre os adultos no ano passado, com 17,15% de diagnósticos confirmados. O primeiro lugar ficou com Porto de Alegre (RS), onde 17,49% dos entrevistados relataram ter a doença.
Para a psicóloga Adriane Pedrosa, que pertence à equipe multidisciplinar da Cetus Oncologia, clínica especializada em tratamentos oncológicos com sede em Betim e unidades em Belo Horizonte e Contagem, a pandemia, inegavelmente, trouxe muitos conflitos para o dia a dia da mulher, o que pode ter contribuído para esse cenário. “A gente tem visto um aumento da cobrança das pessoas em torno de si mesmas. Isso sem falar do aumento do medo, trazido pelo coronavírus, junto a uma sensação de insegurança diante das possibilidades e do futuro”, afirma. Além disso a psicóloga salienta também sobre a importância de sabermos lidar com a chamada “falta de controle” e entendermos as fraquezas e fragilidades comum a todos nós. “Essa necessidade de ‘pseudo-controle’ que nós temos, traz uma falsa sensação de que tudo está nos eixos, quando na verdade não está. E a pandemia escancarou isso”.
Assim como Adriane, a psiquiatra do Hospital Semper, Nayara Zinato, acredita no fator pandemia como explicação para o aumento dos casos de depressão, mas acrescenta uma possível procura maior das mulheres pelo atendimento médico relacionado à doença. Logo, os casos entre elas aparecem mais nas estatísticas. “Podemos pensar que as mulheres podem sim ter mais fatores de risco relacionados à depressão, mas também acabam procurando com mais frequência os serviços de saúde mental. É algo que ainda não sabemos ao certo, mas estamos em pesquisa para buscar as justificativas”, pontua.
Ainda segundo a psiquiatra, o fato de também vivermos em uma sociedade machista, na qual predominam conceitos ultrapassados sobre as mulheres, acaba gerando uma sobrecarga nelas, que afeta a saúde mental. “Nesta pandemia, muitas [mulheres] se viram em casa, tendo ao mesmo tempo que cuidar dos filhos, cumprir com as demandas da empresa no home-office e ainda administrar as tarefas do lar, sem o mínimo de apoio do parceiro. Isso sem falar do próprio medo de pegar Covid-19. É preciso muito equilíbrio para suportar todas essas emoções. Todos esses fatores juntos, podem predispor a mulher a ter mais diagnósticos de depressão”, enumera.
Assumir as fraquezas e ter atenção aos sinais
Em uma sociedade que cada vez mais estimula a competitividade e a cobrança, a psicóloga Adriane Pedrosa defende a importância das mulheres romperem com o rótulo de “super-mulheres”, e serem realistas em relação às situações do dia a dia, assumindo suas vulnerabilidades e fraquezas. “Não temos e nem devemos ter a obrigação de achar que damos conta de tudo. Todos nós temos um limite e devemos respeitá-lo. É fundamental delegar funções, pois vivemos, sobretudo, em comunidade, seja dentro ou fora de casa. Quando não entendemos até onde podemos ir, as possibilidades de frustrações aumentam, o que, certamente pode desencadear em danos à saúde mental”, explica.
Nayara Zinato, por sua vez, recomenda atenção aos primeiros sinais da depressão, que incluem sentimentos de culpa, perda de motivação, sensação e vazio, apatia, além de um olhar excessivamente negativo sobre as coisas. “A pessoa com sintomas de depressão parece colocar óculos que a fazem enxergar tudo em preto e branco”.
Além dos sintomas citados, podem estar atrelados à depressão, segundo Zinato, o cansaço, a falta de energia, fala e pensamento lentificados, perda de concentração, distúrbios do sono e diminuição da libido. Ao perceber os sinais, tanto a psiquiatra quanto a psicóloga são enfáticas em indicar a procura pelo atendimento de saúde mental o quanto antes. “Se a pessoa percebeu que está sentindo algum desses sintomas e que eles estão atrapalhando, deve procurar ajuda especializada sem vergonha ou receio, já que a depressão, hoje, é uma doença tão comum em nosso dia a dia. Ela pode afetar todos nós, dos ricos aos pobres, do executivo ao operário. O tratamento é multidisciplinar. Em alguns casos será necessário também o uso de medicações receitadas pelo psiquiatra, além da mudança dos hábitos de vida”, finaliza Nayara, acrescentando que neste processo a ajuda de amigos é crucial. “A pessoa [com depressão] não pode jamais se sentir só. Ela precisa de apoio, de abraços, de acolhimento. Com a ajuda daqueles que a amam, tudo fica mais leve e menos penoso”.
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