Dado mostra como tabagismo se torna cada vez mais um problema de saúde pública, afetando não só os fumantes, mas também aqueles que mantêm convívio diário com essa parcela da população

 Cerca de 8 milhões de mortes por ano são relacionadas ao tabagismo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Destas, 1,2 milhão são de não-fumantes. Isso significa que 15% dos óbitos por tabaco são decorrentes da exposição ao fumo passivo, ou seja, de pessoas que não fazem uso do cigarro, mas por conviverem com quem fuma acabam inalando as substâncias nele contidas. O dado assusta, visto que a questão deixa de ser um problema individual, mas de saúde pública.

O pneumologista do Hospital Semper, Marcelo Chagas, ressalta que apesar de o tabagismo ativo, com certeza, ser mais maléfico, a fumaça dos derivados do tabaco, exalada por quem fuma, contém cerca de sete mil substâncias, 250 delas prejudiciais e 69 cancerígenas, o que aumenta o risco de doenças como o enfisema pulmonar, infecções respiratórias, úlceras, infarto e AVC, não só nos fumantes como naqueles que absorvem essas toxinas sem necessariamente nunca terem tocado em um cigarro. “Por esses e outros motivos o tabagismo, hoje, é considerado uma epidemia pela Organização Mundial de Saúde”, destaca acrescentando que a nicotina, ao atingir o sistema cerebral, gera sensação de bem-estar e relaxamento. “Entretanto, com o passar do tempo, o organismo começa a ficar dependente e tolerante em relação a ela, o que leva o tabagista a ter necessidade de fumar cada vez mais”.

Câncer      

 Em relação aos diferentes tipos de câncer que podem surgir por conta do tabagismo, o maior risco é o de pulmão, mas outros como o de boca, esôfago, e até mesmo de bexiga também são possíveis perigos. Daiana Ferraz, oncologista clínica da Cetus Oncologia, clínica especializada em tratamentos oncológicos com sede em Betim e unidades em Belo Horizonte e Contagem, explica que ao serem ingeridas e passarem pelo corpo, as toxinas do cigarro vão causando danos por muito tempo às células do organismo. “Elas sofrem mutações e podem se transformar em células cancerosas”, pontua. Assim como Marcelo, a médica reforça que os fumantes passivos também possuem riscos de contrair não só o câncer como outras doenças do trato respiratório.

Tratamento

 Daiana ressalta que os pacientes tabagistas necessitam de cuidados diferenciados, caso queiram se livrar do vício. “O tratamento é multifatorial, então é importante, por exemplo, a terapia em conjunto com diferentes profissionais da saúde, como psicólogos, pneumologistas, assistentes sociais. Juntos eles auxiliarão o paciente na conscientização sobre a dependência e mudança de hábitos”.

Um dos modelos de tratamento mais utilizado hoje, segundo Ferraz, é o de Prochaska e DiClemente, desenvolvido no final da década de 1970 pelos pesquisadores norte-americanos James Prochaska e Carlo Diclemente. O estudo traz os estágios motivacionais que precisam ser superados por quem deseja eliminar vícios, dependências ou obsessões. As etapas incluem pré-contemplação, contemplação, preparação para a ação, ação, manutenção e saída definitiva ou recaída. “Caso haja recaída, o ciclo se inicia”, destaca a oncologista. Cada um dos estágios possui uma definição e uma abordagem recomendada, dessa forma, o paciente passa por todas as etapas para enfim deixar o cigarro no passado. “Cerca de 80% dos fumantes querem parar de fumar, mas somente 3% conseguem a cada ano, sem ajuda profissional. De um modo geral, quando conseguem [parar de fumar] definitivamente, as pessoas já fizeram em média 5 tentativas. É um processo, às vezes, demorado e, sobretudo, individualizado, bastante subjetivo. O mais importante é que todos recebam o apoio dos amigos e entes queridos, para que sintam determinados e encorajados a não desistir. Não podemos esquecer que o vício, seja ele qual for, é inerente à natureza humana, portanto pode prejudicar a todos nós. Logo é necessário empatia com quem tenta se libertar”, finaliza a médica.

BH

Em Belo Horizonte, o tratamento do tabagismo é ofertado em todos os Centros de Saúde, e as abordagens são realizadas por profissionais da equipe de saúde da família, NASF e Academias da Cidade. Os pacientes são convidados a participar da Palestra Motivacional, momento de sensibilização em que são esclarecidos os malefícios do tabagismo, os benefícios da interrupção e como a será a condução do tratamento. A participação na sensibilização serve como requisito para a avaliação clínica, em que serão avaliados o histórico tabagístico, necessidade de uso de medicamentos, nível de dependência à nicotina, entre outros.

Os pacientes que querem parar de fumar devem procurar os profissionais das unidades de saúde de sua referência para obter informações sobre o tratamento.

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