Cerca de 32 pessoas dão fim a própria vida no Brasil, todos os dias, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O número corresponde a uma morte a cada 45 minutos. Na década de 1980, um estudo nos EUA afirmava que essas mortes poderiam ocorrer por imitação. O trabalho reforçou, inclusive, a ideia de que “não se pode falar sobre o assunto”. Mais de 30 anos depois, a OMS vai na direção contrária, dizendo que, sim, precisamos conversar sobre o suicídio.

Para a psicóloga Adriane Pedrosa, que faz parte do corpo clínico da Cetus Oncologia, clínica especializada em tratamentos oncológicos com sede em Betim e unidades em Belo Horizonte e Contagem, o assunto, ainda considerado tabu, não deve ser ignorado como também fazer parte cada vez mais das discussões sobre saúde mental. “As pressões e frustrações do mundo moderno chegam a cada um de nós de diferentes formas. Alguns, mais sensíveis e vulneráveis, não conseguem lidar com as dores e reveses da vida. Por isso, decidem por um fim em tudo, de forma imediata. Mas é importante destacar que o suicida não quer morrer, apenas vê a morte como única maneira de acabar com um sofrimento insuportável e doloroso para ele”.

Ainda segundo Pedrosa, apesar de o suicídio e a depressão estarem intimamente relacionados, nem toda pessoa depressiva irá necessariamente se matar. “Há situações em que o paciente está super bem, mas sofre, de forma repentina, uma perda irreparável ou descobre uma doença grave, que vira sua vida de cabeça para baixo. Se ele não souber lidar com essa realidade ou encontrar forças para resistir, pode, infelizmente, desistir”, ressalta.

Diante de qualquer mudança brusca no comportamento de alguém que, infelizmente, se encontra em situações de desesperança ou angústia com a vida, é fundamental que a família ou amigos próximos estejam atentos e disponíveis para acolher e ouvir. “Se de repente ela [a pessoa] quer se isolar de tudo e todos, não gosta mais de fazer atividades que antes fazia, está reclusa no quarto, com irritabilidade aparente ou avessa a qualquer tipo de contato, é bom acender o sinal de alerta. Essa pessoa pode estar dando sinais claros de que passa por algum sofrimento, que a impede de sorrir, de enfrentar a vida, apesar dos percalços. Não espere o pior acontecer. É necessário agir”, pontua Adriane.

E se as pessoas do entorno não se sentirem capazes de lidar com o problema apresentado, recorrer a um especialista que possa fazê-lo mais adequadamente, como um médico, enfermeiro, psicólogo, psiquiatra ou até um líder religioso, pode ser mais que providencial, completa a profissional da Cetus Oncologia.

Mitos

Adriane Pedrosa enfatiza ainda sobre a importância de deixarmos no passado alguns mitos muito equivocados sobre suicídio, entre eles a máxima de ‘quem fala que vai se matar, não se mata’. “Muitas vezes, quem faz essa confissão não quer jamais ‘chamar a atenção’, mas sim dar um último sinal para pedir ajuda. Por isso, um aviso de suicídio deve ser levado a sério e jamais ser ignorado ou menosprezado”.

Outra falsa afirmação é aquela que diz que o suicida, ao tentar se matar uma vez, tentará sempre. De acordo com Pedrosa, a maior parte dos pacientes que levam a sério o tratamento com medicamentos e terapia não chegam a tentar o autoextermínio novamente. “O importante, volto a dizer, é os familiares e amigos buscarem ajuda especializada tão logo um comportamento suicida seja percebido entre pessoas de sua convivência”.

Na rede pública, a indicação é procurar os Centros de Apoio Psicossocial (CAPS) do Sistema Único de Saúde (SUS). Por lá, é possível marcar uma consulta com um psiquiatra ou psicólogo. Já o Centro de Valorização da Vida (CVV), fundado em 1962 em São Paulo, faz um apoio emocional e preventivo do suicídio pelo número 188. O serviço conta com a ajuda de cerca de 3 mil voluntários que trabalham atendendo mais de 10 mil ligações diárias.

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