Especialista em saúde dos olhos ressalta que é preciso mudar a cultura da busca pelo oftalmologista somente quando algo não está bem. Segundo ele, check-up ocular tem a mesma importância dos demais check-ups médicos
Números revelados pelo banco de dados do Sistema Único de Saúde (SUS), o Datasus, mostram que em 2021 apenas 9,2 milhões ou só 5% dos brasileiros atendidos exclusivamente pelo sistema gratuito de saúde do Governo realizaram consultas oftalmológicas. Em 2020 o número de consultas por essa população foi ainda menor: 7,2 milhões. A situação é alarmante, haja vista que doenças relacionadas à visão podem ser silenciosas, e caso não tratadas, provocam, até mesmo, cegueira irreversível.
O oftalmologista do Hospital Semper, Thiago Barroso, acredita que para reverter esse quadro deve haver uma mudança cultural. “São muitas as questões envolvidas que levam a esses números divulgados. Mas a maior delas, a meu ver, explica-se pela cultura presente na sociedade de buscar o especialista de olhos somente quando algo não está bem. É importante destacar que o check-up ocular tem a mesma importância dos demais check-ups médicos da nossa rotina”, explica.
Thiago ressalta que por meio das consultas regulares ao oftalmologista, pelo menos uma vez por ano, é possível, inclusive, facilitar o tratamento e evitar a progressão de doenças comuns, como o diabetes. “As altas concentrações de glicose circulante no sangue, comum na diabetes não tratada, pode levar ao desenvolvimento de alterações na visão, o que pode ser percebido inicialmente por meio do aparecimento de alguns sinais e sintomas como visão embaçada e desfocada, além de dor nos olhos”.
Ainda de acordo com Barroso, à medida que os níveis de glicose aumentam é possível que haja progressão das alterações na visão, o que pode culminar no desenvolvimento de doenças que necessitam de tratamento mais específico, como catarata e glaucoma, por exemplo.
Esta segunda doença, por sinal, é, segundo Thiago, bastante silenciosa e só começa a apresentar os primeiros sintomas na fase mais avançada, quando o paciente sofre perda do campo de visão, da visão central e até mesmo cegueira. “Os pacientes que não fazem controle oftalmológico regular perdem uma importante chance de identificar problemas visuais ainda precoces, que impactam na qualidade de vida e, se não tratados, podem comprometer a visão no futuro”, finaliza.
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