Segundo consultora em desenvolvimento de pessoas, quem não busca aprimoração na carreira ou oportunidades mais atraentes, corre o risco de não ser bem visto pelos gestores e, no pior dos casos, se deparar com demissão repentina
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados no último dia 31 de agosto, a taxa de desemprego no Brasil ficou em 12,8% no trimestre encerrado em julho, o que representa 13,3 milhões de pessoas sem carteira assinada. Para não fazer parte desses números, muitos profissionais, devidamente empregados, acabam se sujeitando a trabalhos com os quais não estão completamente satisfeitos, por medo de “ficarem na rua”, ou porque simplesmente já se acostumaram a fazer mais do mesmo. Isso sem falar daqueles que, ao conseguirem o “milagre”, de uma contratação, permanecem anos e anos no mesmo lugar sem manter a rotina de busca por aperfeiçoamento ou oportunidades mais atraentes. “Acreditam que só o fato de estarem no mercado, já dá a eles o direito de relaxar. É aí que mora o perigo da acomodação”, alerta a consultora em desenvolvimento de pessoas Tânia Zambelli, com mais de 30 anos de carreira e experiência nas áreas de gestão de RH, consultoria organizacional e coach.
Para Tânia, o profissional acomodado não tem espaço no mercado nos dias de hoje. Isso porque, como vivemos em mundo de incertezas e ambiguidades, a renovação torna-se necessária diariamente. “Temos que olhar para o movimento do mercado no qual estamos inseridos e caminhar na mesma direção”, afirma.
Quem age de forma contrária, sem desejo de mudança, ou deixa de estar sempre em busca do melhor, tem grandes chances de comprometer sua carreira, já que por estar estagnado e, geralmente, ser visto pelos gestores como alguém sem expectativas, dificilmente receberá convites para participar de seleções internas. “A própria pessoa, quando está acomodada, não gosta de se desafiar e nem tem muita vontade e entusiasmo para fazer algo diferente. Volta e meia, ela solta aquela típica frase: ‘Do jeito que está aqui, está bom para mim’. E assim os anos vão passando, o profissional vai ficando na empresa, sem crescer ou buscar novas perspectivas, e o pior: sem medir as consequências dessa acomodação. Essa cena se repete até o dia em que ele, infelizmente, é surpreendido com uma demissão repentina”, conta a coach.
Em alguns casos, porém, principalmente na área executiva, a própria empresa percebe a possibilidade de investimento no profissional, mesmo diante de sua acomodação, por acreditar nele. Ao notar que o colaborador tem potencialidades, mas só precisa explorá-las, a organização contrata um coach para desenvolver suas competências e incentivá-lo para o processo de mudança. “Muitas vezes se a empresa não fizer isso, o profissional, sozinho, pode não ter essa percepção de que precisa mudar”, completa Tânia.
Coach pode resgatar potencialidades do profissional acomodado
O primeiro passo no processo de coach para um profissional acomodado, segundo Tânia, é fazer uma avaliação de seu perfil. Através desta ferramenta são levantadas as potencialidades do colaborador e o que ele deve melhorar. “Em seguida, começamos a mostrá-lo os momentos de sua trajetória, seja da carreira ou até mesmo da sua vida pessoal, em que ele precisou mudar, ou seja, situações onde foram necessárias escolhas, decisões, novas posturas”, acrescenta.
Durante os encontros, o coach também fará com que este profissional repense como esses momentos de mudança aconteceram e o que contribuiu para que eles se tornassem realidade. “Dessa forma, quem sabe, ele, ao relembrar as vitórias e êxitos do passado não vai resgatar competências que já teve e refletir sobre o que está acontecendo que o impede de usar essas mesmas competências no momento atual? ” – afirma Tânia acrescentando ainda que o trabalho do coach é justamente proporcionar reflexões a esse profissional que passa por uma situação de comodismo, para sair de sua zona de conforto. “Mostrar a ele que, se quiser, pode ser capaz de ir em busca de grandes, possíveis e planejados sonhos”, finaliza a consultora.
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