Segundo advogado ambientalista da ONG Abrace a Serra da Moeda, para além do impacto quantitativo, números da destruição afetam, sobretudo, ecossistema presente no aquífero montanhoso
Um dado assustador divulgado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), na última sexta-feira (24), revela a gravidade dos incêndios em uma das paisagens naturais mais importantes não só para a região metropolitana de Belo Horizonte, como também para todo o estado de Minas Gerais. De acordo com o órgão, 215,78 hectares de matas na Serra da Moeda foram queimados desde o último dia 1º, o que equivale a quase 200 campos de futebol.
De acordo com o advogado ambientalista da ONG Abrace a Serra da Moeda, Oswaldo Silva, para além do impacto quantitativo, os números da destruição afetam, sobretudo, todo o ecossistema presente no aquífero montanhoso. “A Serra da Moeda reúne um conjunto de bens culturais e ambientais de extrema relevância. Na região há, por exemplo, abundância de plantas endêmicas, sítios arqueológicos pré-históricos com pinturas rupestres e cerâmicas; dezenas de grutas e cavernas, além de ruínas históricas, como o Forte de Brumadinho. Isso sem falar das mais de 30 nascentes, muitas delas localizadas em áreas de proteção integral, que abastecem a Grande BH. Qualquer área queimada, por menor que seja, compromete seriamente todo um patrimônio de considerável importância ambiental bem como a saúde das populações que vivem nas redondezas da Serra”.
Ainda segundo Silva, outro dado preocupante nestas ocorrências é o fato de que a grande totalidade delas está ligada à ação humana, seja ela proposital ou não. “O próprio IEF aponta que 99% de todo o fogo que consome nossas matas começa a partir dos homens. Conforme o órgão, um terço dos incêndios florestais em Minas, inclusive, são causados por vândalos ou piromaníacos, pessoas doentes que sentem prazem em atear fogo em vegetações e áreas rurais. Já os outros dois terços acontecem por acidentes no manuseio das chamas”, acrescenta.
Oswaldo também faz um apelo para que os crimes de incêndio sejam denunciados e os infratores devidamente apenados. “O incêndio florestal é crime ambiental previsto no Artigo 41 da Lei 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais). Está sujeito a pena de reclusão de dois a quatro anos e multa. Diante da condição climática crítica que estamos vivendo, marcada pela escassez de chuva, qualquer chama pequena em regiões de vegetação densa se transforma em um grande incêndio em um curto intervalo. Por isso, para penalizar os criminosos, é fundamental que a população faça a sua parte. Viu um incêndio na região onde você mora? Entre, imediatamente, em contato com o Corpo de Bombeiros pelo telefone 193 ou com a Polícia Civil, pelo 181”.
Triste recorde
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) computa setembro como o mês com mais focos ativos de incêndio desde 2011: 4.919. Em média, o Inpe registra um foco ativo em Minas a cada seis minutos neste mês. Como setembro ainda não terminou, o total contabilizado em 2011 (5.930), pode ser superado ou até mesmo o recorde de 7.489, registrado em 2003, desde que a média histórica do mês nove teve início, em 1998.
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